Sistema Linfático
O sistema linfático combina dois conceitos:
- em primeiro lugar, uma rede de sentido único de vasos linfáticos (chamados rede linfática), cujos vasos nascem em diferentes tecidos do corpo para alcançar os gânglios, que permitem a circulação e limpeza da linfa e até certo ponto, a limpeza de partículas insolúveis;
- em segundo lugar, todos os órgãos onde grandes quantidades de glóbulos brancos são encontrados: os gânglios linfáticos, os tecidos linfóides associados à mucosa, a medula óssea e órgãos tais como o baço e o timo. Estes tecidos são parte do tecido linfóide, exceto a medula óssea.
Observou-se a partir do início do século XIX que a morfologia e a capacidade de carga dos vasos linfáticos variam consideravelmente de acordo com os órgãos (por exemplo: conjuntivo, escroto e glândulas salivares).
Localização anatômica dos órgãos linfáticos
Os gânglios linfáticos e os tecidos linfoides associados às mucosas estão localizados no caminho dos vasos linfáticos, entre o início dos vasos nos tecidos e a anastomose (comunicação entre dois vasos) dos vasos da veia subclávia esquerda.
O sistema linfático drena a maioria dos órgãos, incluindo o pulmão e o intestino: um capilar linfático "beco sem saída", dito "láctea central" está presente no interior de cada vilosidade intestinal do intestino delgado. O movimento das células do intestino delgado é anastomosado ao sistema linfático que drena nos folículos linfóides (componente importante do sistema imunitário) do trato gastrointestinal.
História
Uma hipótese proposta por Sabin é que a rede linfática é constituida de um grupo de células endoteliais derivadas diretamente da veia cardinal.
Os vasos linfáticos se desenvolvem a partir de células endoteliais especializadas dos vasos preexistentes, mas os sinais moleculares que regulam a diferenciação são desconhecidos, embora uma proteína necessária foi identificada (proteína de sinalização hematopoiética SLP-76 e Syk).
Relacionadas com essas vênulas, numerosas vesículas citoplasmáticas foram relatadas no endotélio linfático inicial, mas o papel destas vesículas na absorção do soluto, na atualidade, ainda não é claramente compreendido. No entanto, se os vasos linfáticos têm características semelhantes a outros vasos, certas características, como o glicocálix, faltam. Existem marcadores específicos de células endoteliais do sistema linfático, tais como LYVE-1 ou a podoplanina (PDPN).
Papel
O papel do sistema linfático é múltiplo.
Drena o excesso de líquidos encontrado nos tecidos e participa na desintoxicação de órgãos e do corpo.
Ele contribue no fluxo de nutrientes (mas menos que o sangue). Permite a circulação da linfa por todo o corpo e de células brancas para fora dos vasos sanguíneos, no processo de ativação de resposta imunológica específica. Este é um elemento essencial do sistema imunológico e do processo cicatricial.
Ele ajuda o fluxo de hormônios.
A falta de atividade muscular ou uma deformação do sistema gestor de líquidos (linfangioma) pode resultar em uma forma de celulite e edema.
Funcionamento
Todo o corpo, exceto o sistema nervoso central (uma tese posta em causa pela descoberta em 2015 de uma equipe da Universidade de Virginia de uma rede linfática no cérebro - no entanto, consideramos que as meninges fazem parte), os músculos, a cartilagem e a medula óssea, tem redes de vasos linfáticos paralelos e que acompanham as artérias.
A linfa, líquido intersticial que circula nos vasos linfáticos, é responsável por alguns dos resíduos da atividade celular através do tecido intercelular. A linfa é purificada pela passagem através dos gânglios. Ela então viaja para a corrente sanguínea e se junta ao duto torácico nas veias subclávias.
O sistema linfático é o responsável pelo transporte de grande parte da gordura proveniente da alimentação para a circulação. Assim, ao final, não passam pelo fígado.
Ao contrário do sistema circulatório, o sistema linfático não tem um corpo único atuando como uma bomba (exemplo, o coração). A circulaçao resulta da combinação dos movimentos do corpo (respiração, em particular), das contrações musculares, as contrações das fibras lisas das paredes dos vasos linfáticos, e o fato de que os maiores vasos têm válvulas para impedir o refluxo. Se o movimento do corpo ou a atividade física se intensifica, a linfa fluirá mais rapidamente: aproximadamente 100 ml de linfa circula por hora no conduto torácico de uma pessoa em repouso, enquanto que durante o exercício este fluxo pode ser de 10 a 30 vezes mais elevado. Em contraste, a imobilidade prolongada retarda a drenagem da linfa.
A metástase de certos tipos de câncer pode rapidamente se difundir para o corpo através da linfa.